sábado, fevereiro 14, 2015

As cores que me bagunçam

Chloe,


Você pode me ajudar? No fundo, eu acho que ninguém pode, mas preciso tentar de qualquer jeito, não é? É que nem eu sei bem com o que preciso de ajuda. Só sinto que não posso continuar assim, sabe? Não me leve a mal, gosto de mim. Mas acho que posso ser uma versão melhorada, só não sei como ainda.

Não quero que as coisas continuem sempre do mesmo jeito. Gosto das mudanças, você sabe. Mas Chloe, por que eu tenho que ser tão bagunçada? Já aceitei minha bagunça pessoal, mas não estou mais aguentando. Estou me perdendo dentro de mim mesma.

Na maior parte do tempo, sinto como se eu fosse uma aquarela, com todas as cores misturadas juntas. E, com muito sacrifício, consigo separar tudo, me organizar, e dar um passo de cada vez. Mas então uma gota d’água que seja me desmancha, e todas as cores se misturam de novo. Não tenho paz na minha mente, porque cada pensamento é uma cor, e juro que acabo criando tons que ninguém nunca viu antes, porque a mistura que eles fazem é grande demais.

Para falar a verdade, não sei se sou aquarela, com todas as cores juntas em um turbilhão, ou se sou um caleidoscópio, com um padrão de cor diferente para cada jeito que observo as mesmas coisas. Não sei de mais nada.

Sabe quando você já está cansada demais para tentar limpar toda a bagunça de sua própria mente, ou reparar direito as palavras que anda repetindo demais? É assim que estou. Porque acho que cheguei num ponto em que a bagunça dos meus pensamentos está passando para a realidade, inclusive para essa carta que te escrevo.

Não quero ser mais bagunçada, Chloe. Quero encontrar meu equilíbrio, minha paz. Ser paradoxo cansa, às vezes. Me ajuda a arrumar minhas cores?

Lyra.

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